sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Chá de menta – O segredo

O chá e o café são as bebidas de eleição na Argélia, mas é no chá que se encontra todo o mistério, a tradição e a sedução do famoso “ Thé à la mente”, cujos segredos de confecção permaneciam, até a data, propriedade dos árabes. No entanto, graças à persistência, prospecção e dedicação de alguns dos nossos colegas, pode-se afirmar que, actualmente, a confecção de um dos melhores “Thé à la mente” de Mostaganem é portuguesa. (Portuguese do it better). O processo é revestido de requinte e técnica, e inicia-se com a fervura da água num recipiente apropriado denominado “Chaleira”. A água tem de ser engarrafada na Argélia de modo a que traga com ela, todas as características dos solos da zona. A fervura é efectuada até aos 101ºC, para obtenção da chamada “Água de Alá”. Em paralelo introduz-se chá verde, adquirido nas mais obscuras mercearias de Mostaganem, num bule especial, um bule Tuareg (ver foto). Em seguida, verte-se um pedacinho da água de Alá, e mexe-se rapidamente (mexido, não batido ao contrário do Martini do James Bond) para “abrir” o chá, retirando-se de imediato a água, deixando-se o chá húmido. Após um breve repouso, introduzimos toda a água de Alá (agora já próxima dos 97,5ºC) no bule, adicionamos a menta fresca, lavada como o fruto de Bocage, e colocam-se os torrões de açúcar q.b. Depois de deixar oxigenar o chá, o que se consegue vertendo-se o chá num recipiente e de imediato reintroduzindo-o ao bule; este processo é repetido tantas vezes quantas a sabedoria do operador ordenar. Finalmente, o chá está pronto a servir, o qual deve ser feito com todo o preceito e técnica, dado que para além do chá ter de ser servido em copos apropriados, ele deve ser introduzido nos mesmos a uma distância não inferior à 93 cm (foto 2), de modo a criar a “mousse” (ver foto 3) similar ao creme no café. É claro que está operação não está ao alcance de qualquer mortal, apenas os escolhidos tem esse dom. Por fim, saboreia-se o néctar de Alá cujos efeitos positivos no corpo e alma me escuso de divulgar … venham e experimentem.

Redoah Inchalá

3 comentários:

Unknown disse...

A Argélia é o máximo!!!
Quando imaginavas tu elogiar tanto um chazinho?

Anónimo disse...

Esalam alikoum,

antes de me expressar, previno-vos, de que, o tempo por vós dispendido a ler-me será da vossa inteira responsabilidade...
além de que, sou insanamente são...
tenham cuidado...
ou não...
eis-me neste lugar, e já que por aqui vagueio, não posso deixar de “rasgar” alguns pensamentos na retina dos que por aqui dispensam essa tamanha preciosidade, que, vulgarmente se apelida de tempo...
tempo... que por aqui... em momentos... pára...
caminhe-mos...
“thé vert à la menthe”... agrada-me, e não me questionem pela razão, porque já vos respondo...
degustem-no, pois não se descreve o que nos é concedido pelo prazer...
depois desta resposta, se vos surgir uma vontade emergente de me dizerem algo, digam, mas apenas depois de um “thé”...
posto isto, vou pôr alguma água a 101 graus para preparar aquilo, que, “é assunto de homens”...

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Post Scriptum – aqui... nada é estranho... apenas diferente...

Anónimo disse...

Estou deveras espanto com o aumento de qualidade literária, em estilo barroco, deste Blog. A verdade é que o mundo árabe faz desabrochar em nós a mais fina veia poética....
Caro ykhali (murmurio ? ) grato por tão nobre escrito que enriquece este meu modesto blog... Vamos lá tomar o chá.

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