sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Árabe – Lição 1

Depois de mais de um ano em terras muçulmanas, muitos de nós já conseguem dizer várias palavras árabes (nomeadamente aquelas que toda a gente aprende primeiro) e alguns até já sabem pequenas frases. No entanto, só conseguindo dominar a escrita se pode conseguir falar o árabe e isso já não é para todos. Como sabem este blog tem também uma componente educativa e cultural que emerge do seu autor; assim sendo, vou aqui dar-vos um pequeno lamiré sobre o assunto. Em primeiro lugar um indivíduo que queira escrever árabe tem de ter um diploma de desenho artístico para conseguir escrever as letras e tem que habituar o seu cerebrozinho a escrever ao contrário, da direita para a esquerda (da limena para a lessera). Em seguida, há que saber que o abecedário árabe tem 28 letras e cada uma delas tem 9 sons diferentes dependendo do apêndice que se colocar. Quanto à grafia de cada letra, para ajudar a apertar o nó, esta pode variar consoante esteja no início, no meio ou no fim da palavra. Como podem ver na foto, é necessária alguma técnica e perícia para escrever árabe, e dou um doce a quem me disser o que lá está escrito (Refira-se que foi escrito por um tuga). Pode parecer complicado e na realidade é mesmo, a única maneira é integrar-se e assimilar a cultura “in Algeria be an algerian”


Rdoah Inchála

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Chá de menta – O segredo

O chá e o café são as bebidas de eleição na Argélia, mas é no chá que se encontra todo o mistério, a tradição e a sedução do famoso “ Thé à la mente”, cujos segredos de confecção permaneciam, até a data, propriedade dos árabes. No entanto, graças à persistência, prospecção e dedicação de alguns dos nossos colegas, pode-se afirmar que, actualmente, a confecção de um dos melhores “Thé à la mente” de Mostaganem é portuguesa. (Portuguese do it better). O processo é revestido de requinte e técnica, e inicia-se com a fervura da água num recipiente apropriado denominado “Chaleira”. A água tem de ser engarrafada na Argélia de modo a que traga com ela, todas as características dos solos da zona. A fervura é efectuada até aos 101ºC, para obtenção da chamada “Água de Alá”. Em paralelo introduz-se chá verde, adquirido nas mais obscuras mercearias de Mostaganem, num bule especial, um bule Tuareg (ver foto). Em seguida, verte-se um pedacinho da água de Alá, e mexe-se rapidamente (mexido, não batido ao contrário do Martini do James Bond) para “abrir” o chá, retirando-se de imediato a água, deixando-se o chá húmido. Após um breve repouso, introduzimos toda a água de Alá (agora já próxima dos 97,5ºC) no bule, adicionamos a menta fresca, lavada como o fruto de Bocage, e colocam-se os torrões de açúcar q.b. Depois de deixar oxigenar o chá, o que se consegue vertendo-se o chá num recipiente e de imediato reintroduzindo-o ao bule; este processo é repetido tantas vezes quantas a sabedoria do operador ordenar. Finalmente, o chá está pronto a servir, o qual deve ser feito com todo o preceito e técnica, dado que para além do chá ter de ser servido em copos apropriados, ele deve ser introduzido nos mesmos a uma distância não inferior à 93 cm (foto 2), de modo a criar a “mousse” (ver foto 3) similar ao creme no café. É claro que está operação não está ao alcance de qualquer mortal, apenas os escolhidos tem esse dom. Por fim, saboreia-se o néctar de Alá cujos efeitos positivos no corpo e alma me escuso de divulgar … venham e experimentem.

Redoah Inchalá