sexta-feira, 27 de julho de 2007

Controles no Aeroporto

A semana passada não tive oportunidade de efectuar a habitual crónica porque, como alguns sabem, viajei para o nosso maravilhoso Portugal, infelizmente já estou de regresso. Essa viagem é efectuada por avião lamentavelmente não há voos directos. Sair da Argélia pelos aeroportos é em si mesmo uma aventura, a primeira dificuldade é entrar no aeroporto dado que existe logo à entrada um controle de raio-x a todos, para não levarmos uma bombita para o interior ( Isto é que é segurança). A seguir passarmos mais uma barreira policial onde apenas entram os passageiros, vamos para a fila do check-in dos voos internacionais, a confusão é aceitável, já nos regionais é o caos. Depois preenchemos um formulário de saída e passarmos mais uma barreira policial, chegamos a um guichet onde entregamos o formulário, aqui podem surgir complicações se o visto já tiver expirado, dado que é necessário visto para entrar e sair do país, às vezes isso acontece. Passado este controle, surge mais um polícia a pedir documentos e se temos algo a declarar, segue-se mais um controlo de raio-x à bagagem de mão e detector de metais. Mesmo que o detector não apita, temos de ser sujeitos a uma apalpação por vezes exagerada (parece que o tipo que está lá gosta, eu que não) para finalmente chegamos a sala de embarque. Pensam que terminaram os controlos, nada disso, entramos num autocarro tipo aqueles da carris dos anos sessenta, até junto do avião. No chão da pista encontram-se todas a bagagens que o pessoal entregou no check in tendo agora de as ir identificar para colocar num carrinho senão não embarcam, a chamada identificação “in loco”. Mas ainda não acabou, antes das escadas de acesso está montada uma bancada com aquelas mesas de campismo, a cair de velha, onde as malas de mão são novamente revistadas e finalmente a porta do avião está o último controlo que com um detector de metais portátil para examinar o pessoal. Quando finalmente nos sentamos no lugar aguardamos que o avião levante voo para aí sim respirarmos de alívio.
Redoah, Inchalá

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Um Casamento Diferente

O casamento é umas das cerimónias onde mais sobressaem as diferenças culturais, aqui não é excepção. Sendo uma sociedade muito tradicional, por aqui muitos dos casamentos ainda são combinados e delineados pelos pais dos noivos e foi para uma destas cerimonias que eu e alguns dos meus colegas fomos convidados. A cerimónia realizou-se num restaurante dividido em duas salas, numa das salas ouvia-se um conjunto acompanhado por uns gritos similares aos dos índios mas mais agudos, são feitas pelas convidadas e são uma espécie de felicitações para a noiva. No entanto não vimos o interior da sala, fomos conduzidos para a outra sala onde estava o pessoal a comer, só homens claro. O noivo apareceu para nos cumprimentar e pimba quatro beijocas em cada um, atrás veio o pai do noivo e pimba mais uma dose. Sentaram-nos numa mesa com cadeiras de plástico partidas, a minha não tinha costas, e em cima da mesa apenas os talheres com bocados de comida agarrada, já devia ter servido para outros convidados. Isto estava a começar bem. Um de nós lá ganhou coragem para falar com o noivo e lá nos trocaram os talheres. A comida nem foi má, lá comemos razoavelmente todos do mesmo prato incluindo a sopa , onde cada um com a sua colher a comer da mesma malga. Finalizada a refeição, saímos todos para efectuar o passeio dos alegres que tantas vezes vimos passar. A frente vai uma carrinha com uma câmara de filmar a registar estes momentos de folia, a coluna de veículos só com homens nos seus carros com os quatro piscas e apitar, pelas ruas de Mostaganem, uma verdadeira loucura! Lá paramos num ermo para tirar as fotos da praxe (só homens claro) e vinte minutos depois voltamos ao ponto de partida. A maior parte do pessoal dispersa e vai para casa, e nós, como uma espécie de convidados especiais somos convidados a entrar na sala de onde vinham os gritos. Na frente, um palanque com o noivo e a noiva, esta vestida como uma princesa, sentados numas cadeiras de realeza, ao lado o conjunto a tocar e a seguir filas de cadeiras onde deveriam estar sentadas umas cinquenta mulheres. Seguiu-se uma sessão de fotográfica no palanque onde nós também fomos convidados a participar e na qual nos sentimos como se estivéssemos numa exposição. Passado algum tempo os noivos retiraram-se sob os habituais gritos de índios esganiçados, e viveram felizes para sempre, Inchalah

sábado, 7 de julho de 2007

Transito - I

A circulação rodoviária é talvez uma das principais preocupações da Argélia, não é por acaso que é um dos países com maior índice sinistralidade nas estradas no mundo. Para os portugueses o perigo dos extremistas não é nada comparado com a selva nas estradas da Argélia. Aqui os seus condutores são divididos em duas categorias, os “cafeteira”, que fervem em pouca água, e os “mohamedes”, os chamados condutores de Domingo. Ora os “cafeteira” fazem tudo para chegar ao destino, ultrapassam por todo o lado, basta haver um espacinho, mesmo que seja na faixa contrária. Eu próprio já encontrei alguns na minha frente, e o engraçado é eles é que fazem sinais de luzes para aqueles que vêm na sua faixa se desviarem. Os traços contínuos e as zebras são meramente decorativos e depois há uma feliz convivência entre camiões, ligeiros, tractores, ovelhas atravessar a estrada (ver foto) e carroças, estas muitas vezes em sentido contrário, o que é compreensível pois o burro não aprendeu as regras de trânsito. Sentidos contrários aliás são uma das favoritas habilidades dos argelinos, se tivermos uma via rápida com separador central em que para inverter o sentido teríamos de andar cerca de 1 km, quando o cruzamento mais próximo está a 200 mts atrás, então toca a colocar-se em sentido contrário até ao cruzamento ( numa via rápida !! ) e outros que se desviem. Rotundas em sentido contrário também se fazem, se temos de ir para a saída da rotunda logo ao lado, para quê dar a volta a rotunda toda, vira-se logo aí. Confesso que eu próprio já me vou especializando nesta arte, neste momento já vou na minha quinta rotunda em sentido contrário, quando chegar a décima terei condições para obter a carta argelina. Isto no fundo é o chamado intercâmbio cultural no seu sentido mais puro. Na Argélia sê argelino


Redoah Inchalah