sábado, 9 de fevereiro de 2008

O Carnaval é quando um árabe quiser

Na sequência de um dos comentários do blog, decidi aproveitar a sugestão e falar um pouco do Carnaval por estas bandas. Aqui não existe uma data específica para o Carnaval, pois este desenrola-se todo o ano, todos os dias vemos o pessoal mascarado de tuareg, com os seus turbantes na cabeça e as mulheres com o naperon a tapar a face (ver foto), como se estivessem a brincar aos médicos e enfermeiras. O dia mais expressivo desta celebração é a Sexta-feira (Corresponde nosso Domingo), onde a maior parte deles se mascara de empregado de balcão ou de enfermeiro, todos com as suas túnicas brancas. Muitos deles também se mascaram de polícias, pois costuma-se ver dezenas deles ao longo da estrada a fazer de conta que fazem operações stop, mas às tantas lá vemos parar um carro e sair um indivíduo, e toma lá duas valentes beijocas no polícia - só pode ser Carnaval pensamos nós. Quanto às brincadeiras tradicionais da quadra, por aqui também temos as famosas bombas de Carnaval que aqui rebentam como cogumelos e lá vão uns quantos para o céu. Os tradicionais ovos na cabeça, para sujar a cabeça e a roupa, aqui não funcionam pois suja-se o ovo. Quanto atirar sacos com água não tem muito sucesso pois o pessoal já anda ocupado a transportar a garrafinha de água de litro e meio para se lavar após a “mijinha”. Quanto aos estrangeiros tem de se adaptar e entrar no esquema, para se misturar com o resto da população (Ver foto do tuareg), ou seja brincar ao Carnaval.

Redoah, Inxalá

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Uma refeição equilibrada

Comer numa das inúmeras tascas existentes na Argélia, é sempre uma experiência enriquecedora e fortificante. Na verdade, depois de comermos num destes locais e sobrevivermos, nada mais nos fará mal. É numa destas tascas, onde já somos assíduos frequentadores, que costumamos comer um franguinho de Kedadra, parecido com os da Guia, mas mais naturais, menos lavadinhos. A procura é muita, dado que a oferta é pouca, por isso, tal como nos sítios requintados, temos de reservar com antecedência. Ao chegarmos à tasca, costumamos fazer o teste do algodão na mesa, neste caso com o guardanapo, mas ele fica tão preto que julgo que no futuro iremos dispensar esta formalidade e aceitar que limpeza deficitária faz parte integrante da tradição local. O frango é servido num prato de sobremesa, sendo a dose é constituída por uma perna ou asa do bicho, o que para estes lados já dá para duas ou mais pessoas. O acompanhamento é à parte, à semelhança do frango da Guia, sendo constituído por batatas fritas bem oleosas, arroz de açafrão bem consistente, eu diria uma espécie de risotto argelino, e ainda um puré com um molho para o qual até a data se desconhece a sua proveniência. Quem quiser tem sempre um prato alternativo, que eles denominam omoleta de atum, que não passa de atum de lata misturado com bocados de ovo. As sobremesas resumem-se aos embalados disponíveis no local, seja pudim, seja iogurte. Para terminar um cafezinho bem negro, o qual ao fim de um mês já parece o melhor café do mundo. Quanto ao preço não vai além dos dois euros. E como diz o provérbio - “o que não nos mata, fortalece-nos”.

Redoah, inchála