Um país define-se pelo seu povo e pelos seus hábitos e a Argélia não foge à regra; para além dos seus estranhos costumes, os argelinos no seu geral até tentam ser simpáticos com os portugas e as histórias seguintes são prova disso. Há cerca de duas semanas, um colega nosso regressava a casa pela auto-estrada quando teve um furo e foi obrigado a encostar à berma. Ainda estava ele especado a olhar para o pneu furado e a rogar pragas à vida, quando encosta uma pick up logo atrás do carro e da qual saem 6 gandulos e se dirigem para ele. A sua primeira reacção foi de pânico e medo, no entanto, a vida é cheia de surpresas, os tais 6 gandulos começaram a dizer “Royah, Royah”, (Irmão, Irmão), Onde está o macaco ? Onde está a roda suplente ? Ainda meio zonzo, o portuga lá disse onde estava o material e, em menos de 3 minutos, o pneu estava trocado, o outro arrumado e os 6 gandulos meteram-se a pick up, disseram mais um “Royah, Royah” e partiram sem querem algum dinheiro de agradecimento que o portuga lhes tentou dar. Noutro lado da cidade, alguns há que se aventuram pelos mercados locais; estes são, normalmente, grandes, desorganizados, muito concorridos e decorrem em zonas mais antigas das povoações cidades ou não, pelo que a orientação é difícil. Dado o elevado número de “clientes” destes mercados, torna-se absolutamente impossível evitar todo o tipo de contactos físicos (para alguns estes seriam absolutos paraísos) e estes são passeios pelos mais díspares estímulos olfactivos – odores corporais com semanas, bancadas com todas as especiarias e mais uma, o sempre “fiel” cordeiro (e não sou eu) também por lá anda no ar, peixe de um dia ou do outro – enfim, uma paleta cheia …Um de entre esses, um portuga já calejado com estes ambientes, ia subindo a rua, cauteloso, mantendo a mão sempre no bolso onde tinha carteira e documentos, quando sentiu que tinha as calças molhadas (por segundos pensou : - Estranho regresso à infância!!) mas logo foi interrompido por um solícito “royah” que lhe falava em árabe enquanto prestavelmente lhe sacudia as calças onde alguém lhe entornara água … simpático, este argelino! pensou ! Ainda atordoado pelo sucedido, apercebe-se, de repente, que além de lhe ter sacudido as calças molhadas na perna esquerda, o simpático argelino lhe havia “sacudido”, também, a carteira que tinha no bolso da perna esquerda … simpático, este argelino! pensou! Mas mais surpreso ficou quando alguns minutos depois, e quando, praguejando, se dirigia para uma eventual saída, lhe tocam no ombro e quando se volta vê, à frente dos seus olhos, a sua carteira … a qual pegou de imediato, tendo o seu portador desaparecido na multidão, simpático, este argelino! pensou! Apesar do dinheiro ter se sumido, todos os outros documentos estavam lá, isto é o que poderíamos chamar um serviço limpinho……
Redoah Inchalá